Lula anuncia Aliança Global contra Pobreza e diz que Brasil sairá do Mapa da Fome até 2026

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da reunião da força-tarefa do G20 para o pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, nesta quarta-feira, 24 de julho, no Rio de Janeiro. A iniciativa, proposta pela Presidência brasileira do grupo, tem como objetivo estabelecer uma união internacional para obter recursos e conhecimentos para a implementação de políticas públicas e tecnologias sociais comprovadamente eficazes para a erradicação da fome e da pobreza no mundo.

“Participar dessa reunião ministerial da Força-Tarefa, que lança as bases para a Aliança contra a Fome e a Pobreza, é um dos momentos mais relevantes dos 18 meses deste meu terceiro mandato. A Aliança será um dos principais resultados da presidência brasileira do G20”, salientou o presidente.

Representantes mundiais endossaram a Aliança e adotaram seus documentos fundacionais por aclamação nesta quarta-feira. Brasil e Bangladesh foram os primeiros a integrar a Aliança. A formalização efetiva será durante a Cúpula dos Chefes de Estado do bloco, em novembro, também no Rio de Janeiro. A partir de hoje, a Aliança começa a receber adesões.

Lula destacou que a decisão do Governo Federal de colocar os pobres no orçamento já resultou na retirada de 24,4 milhões de pessoas da condição de insegurança alimentar severa em 2023. Considerando que ainda há mais de 8 milhões de brasileiros nessa situação, afirmou que acabar com a fome no Brasil, como em 2014, é o compromisso mais urgente de seu governo. “Meu amigo, diretor-geral da FAO [Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, Qu Dongyu], pode ir se preparando para anunciar em breve, ainda no meu mandato, que o Brasil saiu novamente do Mapa da Fome”, declarou.

Na avaliação do presidente, o mundo necessita de soluções duradouras para o problema da fome. Por isso, é fundamental que os países pensem e atuem juntos. “A fome não resulta apenas de fatores externos. Ela decorre, sobretudo, de escolhas políticas. A Aliança representa uma estratégia de conquista da cidadania. É gratificante ver aqui hoje ministros de 30 países membros e convidados ao lado de organizações internacionais e bancos de desenvolvimento. Nossa melhor ferramenta será o compartilhamento de políticas públicas efetivas”, disse.

Lula citou ações federais bem-sucedidas para o enfrentamento à pobreza e expressou o desejo de que exemplos exitosos de outros países em combater a fome e promover a agricultura também sejam divulgados e utilizados pela Aliança. “Retomamos as políticas de valorização do salário mínimo, de erradicação do trabalho infantil e de combate a formas contemporâneas de escravidão. Temos uma sólida política de geração de postos de trabalhos formais. O desemprego é o mais baixo em uma década. Programas como o Bolsa Família, de Aquisição de Alimentos e de Alimentação Escolar permitem que refeições saudáveis cheguem aos mais vulneráveis, estimulem a produção agrícola e promovam o desenvolvimento local”, relatou.

FUNCIONAMENTO — A Aliança será gerida com base em um secretariado alojado nas sedes da FAO em Roma, na Itália, e em Brasília (DF). De acordo com o presidente, a estrutura será pequena, eficiente e provisória, formada por pessoal especializado e funcionará até 2030, quando será desativada. Metade dos seus custos serão cobertos pelo Brasil. A iniciativa não criará fundos novos. Recursos globais e regionais que já existem, mas estão dispersos, serão direcionados à Aliança. “Recebemos com satisfação os anúncios feitos hoje pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e pelo Banco Africano de Desenvolvimento. Ambas as instituições estabelecerão um mecanismo financeiro inovador para o uso do capital híbrido dos Direitos Especiais de Saque em apoio à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza”, assinalou.

Lula também declarou ser “gratificante saber que a segurança alimentar será um tema central na agenda estratégica do Banco Mundial nos próximos anos e que a Associação Internacional para o Desenvolvimento fará nova recomposição de capital para ajudar os países mais pobres”. Frisou que todos que queiram se somar a esse esforço coletivo são bem-vindos. “A Aliança Global nasce no G20, mas é aberta ao mundo”, explicou.