Irritados com depoimento à PF sobre tentativa de golpe, militares e bolsonaristas chamam Freire Gomes de ‘traidor’

O general Marco Antônio Freire Gomes em foto de arquivo — Foto: Divulgação/Exército

Por Andréia Sadi

Militares suspeitos de participação na tentativa de golpe de Estado e aliados políticos de Bolsonaro passaram o final de semana organizando uma estratégia para ‘’fritar’’ o ex-comandante do Exército Freire Gomes. A medida se deu após Gomes passar cerca de 7 horas depondo à Polícia Federal sobre o roteiro do golpe em curso durante o governo Bolsonaro.

Freire Gomes, na condição de testemunha, colaborou – e muito – com as investigações. A preocupação de golpistas é com o que pode existir de detalhamento de Freire Gomes a respeito de discussões sobre minuta do golpe, o papel do Ministério da Justiça e negativas de forma categórica de que houvesse qualquer indício de fraude em urnas.

Para investigadores ouvidos por esta reportagem, Freire Gomes é um personagem que teria evitado o golpe – por isso, para bolsonaristas e militares – e a informação de que ele decidiu falar como testemunha fez com que militares repassassem, no fim de semana, mensagens e vídeos uns aos outros chamando Freire Gomes de ‘’traidor’’ e traçando estratégia para “queimar” Gomes.

Num desses vídeos recebidos por esta reportagem, que circula há dias entre militares, antes até do depoimento de Gomes à PF, aliados de Bolsonaro afirmam que ‘’general que traiu Bolsonaro pode se complicar’’ e que ele ‘’enrolou’’ e “enganou’ Bolsonaro com discussões sobre artigos da Constituição. E que ele não ia interferir – mas tinha que ‘’parecer’’ que ia.

Bolsonaristas irritados, agora, se esforçam para atribuir a Freire Gomes omissão por não ter esvaziado os acampamentos golpistas. Essa é a principal estratégia dos golpistas irritado com Gomes para ‘’fritá-lo’’.

Para a PF, o depoimento dele foi bastante esclarecedor, inclusive em relação a superiores dele, e ao papel do MJ à época.

Cid e as minutas do golpe

A PF espera fechar o enredo da investigação do roteiro do golpe com as informações obtidas no depoimento de Freire Gomes – e cruzando com Mauro Cid.

Cid será chamado a depor novamente para confirmar as informações levantadas pela PF sobre as minutas do golpe encontradas na investigação. Se mentir ou omitir, pode perder benefícios de sua delação premiada.

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