Dino toma posse como ministro do STF em cerimônia nesta quinta; lista tem 800 convidados

Por Fernanda Vivas, Márcio Falcão, g1 e TV Globo — Brasília

22/02/2024 00h00  Atualizado há 15 horas

Flávio Dino quando ainda ocupava o cargo de ministro da Justiça no governo Lula.  — Foto: EBC/Reprodução

Flávio Dino quando ainda ocupava o cargo de ministro da Justiça no governo Lula. — Foto: EBC/Reprodução

A cerimônia de posse do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, na tarde desta quinta-feira (22), será presidida pelo ministro Luís Roberto Barroso e contará com a participação de autoridades dos Três Poderes. A previsão é que a solenidade comece às 16h e dure meia hora.

A lista de convidados, feita pelo próprio Dino, tem cerca de 800 nomes. Entre as presenças confirmadas estão o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.

Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) também foram chamados. São esperados ainda deputados, senadores, além de integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Nesta quarta-feira (21), a estrutura do corredor, por onde vão passar as autoridades, em frente ao STF, já estava montada. A circulação de funcionários também pôde ser vista, nos últimos preparativos para a solenidade de posse. (veja vídeo abaixo).

Corredor para receber autoridades já está montado em frente ao STF.

O roteiro da posse conta com os seguintes procedimentos:

  • abertura da sessão pelo presidente Luís Roberto Barroso, com a execução do Hino Nacional;
  • conforme a tradição, o ministro mais antigo da Corte presente na sessão e o mais novo conduzem Dino ao plenário;
  • o ministro Flávio Dino faz o juramento de cumprir a Constituição.
  • após a leitura pelo diretor-geral do STF, o termo de posse é assinado e o novo ministro é declarado empossado pela presidente do tribunal.

À noite, por volta das 19h, Dino participa de uma missa na Catedral de Brasília, celebração para qual foram convidadas 500 pessoas. Ministro dispensou a tradicional festa oferecida pelas associações de juízes.

Indicado por Lula

Segundo indicado à Corte pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no terceiro mandato, Dino vai ocupar a cadeira deixada pela ministra Rosa Weber, que se aposentou em outubro de 2023.

O novo ministro foi indicado pelo presidente em novembro do ano passado, e passou por sabatina e aprovação no Senado em dezembro.

Será a primeira posse sob a presidência do ministro Luís Roberto Barroso, que iniciou sua gestão em setembro de 2023.

Se mantidas as regras atuais, Dino poderá ocupar o cargo de ministro do STF até completar 75 anos. Ou seja, se resolver se aposentar com a idade máxima prevista por lei, ele ficará no tribunal por mais 19 anos. Atualmente, ele está com 55 anos.

Despedida do Senado

Flávio Dino foi eleito senador, em 2022, pelo PSB do Maranhão, mas logo teve que se ausentar para assumir o cargo de ministro da Justiça no governo Lula.

Em discurso de despedida no Senado, nesta terça-feira (20), Dino afirmou que atuará com “coerência”, “imparcialidade” e “isenção” no Supremo Tribunal Federal (STF).

“No Supremo Tribunal Federal, onde estarei nas próximas 48 horas, terei coerência, coerência com essa visão que aqui manifesta”, afirmou Dino.

“Esperem de mim imparcialidade e isenção. Esperem de mim fiel cumprimento à Constituição e à lei. Nunca esperem de mim prevaricação. Nunca esperem de mim não cumprir meus deveres legais”, completou.

No discurso, Flávio Dino deixou em aberto a possibilidade de voltar à carreira política depois que se aposentar do STF.

“Não sei se Deus me dará a oportunidade de estar novamente na tribuna do Parlamento, no Senado ou na Câmara […] então, quem sabe, após a aposentadoria, em algum momento, se Deus me der vida e saúde eu possa aqui estar”, declarou.




Bolsonaro e aliados prestam depoimento à PF sobre suposta tentativa de golpe; entenda o caso

Depoimentos são marcados após avanço das investigações com a deflagração da operação Tempus Veritatis e a delação premiada feita por Mauro Cid

Marcos Mortari

22/02/2024 13h14 • Atualizado 3 horas atrás

Ex-presidente Jair Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros investigados no caso que apura suposta tentativa de golpe de Estado têm depoimentos à Polícia Federal marcados na tarde desta quinta-feira (22). A maioria deles ocorrerá na sede da corporação, em Brasília.

Todos serão ouvidos simultaneamente – procedimento normalmente usado em investigações para verificar contradições em discursos e evitar combinações de versões entre partes investigadas. A tendência é que Bolsonaro permaneça em silêncio.

  • Jair Bolsonaro (PL): ex-presidente;
  • Almir Garnier: ex-comandante geral da Marinha
  • Anderson Torres: ex-ministro da Justiça
  • Augusto Heleno: general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
  • Bernardo Romão Correia Neto: coronel do Exército
  • Cleverson Ney Magalhães: coronel do Exército
  • Filipe Martins: ex-assessor especial de Bolsonaro
  • Marcelo Costa Câmara: coronel do Exército e ex-assessor de Bolsonaro
  • Mário Fernandes: ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência
  • Paulo Sérgio Nogueira: ex-ministro da Defesa
  • Tércio Arnaud: ex-assessor de Bolsonaro
  • Valdemar Costa Neto (PL): presidente nacional do Partido Liberal
  • Walter Souza Braga Netto (PL): ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro

Bolsonaro apresentou 3 pedidos de adiamento do depoimento, que foram recusados pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado negou as alegações da defesa de falta de acesso às diligências e provas juntadas aos autos e frisou que não cabe à parte escolher a data e o horário do interrogatório.

Os depoimentos foram marcados após as investigações avançarem com a deflagração da operação Tempus Veritatis, que cumpriu 33 mandados de busca e apreensão, 4 mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão em 10 unidades da federação, e com o conteúdo da delação premiada feita por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

Nas investigações, a Polícia Federal apontou a existência de uma organização criminosa com 5 eixos de atuação:

1) Ataques virtuais a opositores;

2) Ataques às instituições (STF, TSE), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral;

3) Tentativa de Golpe de Estado e de Abolição violenta do Estado Democrático de Direito;

4) Ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia e;

5) Uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens.

O terceiro foi o foco da operação Tempus Veritatis. Os investigadores acreditam em uma ação coordenada por núcleos para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro, subverter o resultado das urnas de outubro de 2022 com a execução de um golpe de Estado para evitar a posse de Lula e esforço de mobilização da opinião pública e convencer militares a embarcar no projeto para subverter a democracia.

Entre as evidências citadas estão uma transmissão ao vivo de Bolsonaro, ainda em 2021, com a finalidade de demonstrar indícios de ocorrência de fraudes e manipulação de votos em eleições brasileiras; reunião de cúpula daquele governo, na qual foram apresentadas alegações quanto à suposta ocorrência de fraude e manipulação nas eleições brasileiras e feitas orientações para que a narrativa fosse replicada pelos participantes da reunião; e esforços para gerar instabilidade social e ações para legitimar uma intervenção das Forças Armadas, seguindo os procedimentos do chamado “gabinete do ódio”.

Também é citado o uso de especialistas na área de tecnologia para obtenção de dados direcionados ao descrédito do sistema eleitoral brasileiro, que viriam a ser difundidos por influenciadores de largo alcance nas redes sociais e mídia tradicional, inclusive no exterior. Além de uma operação de manipulação para a divulgação do relatório elaborado pelo Ministério da Defesa sobre a segurança do sistema eletrônico de votação.

Eixo Forma de atuação Integrantes
Desinformação e ataques ao sistema eleitoral Produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto à lisura das eleições presidenciais de 2022, com a finalidade de estimular seguidores a permanecerem na frente de quarteis e instalações, das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para o Golpe de Estado Mauro Cid, Anderson Torres, Angelo Martins Denicoli, Fernando Cerimedo, Eder Lindsay Magalhães Balbino, Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques Almeida, Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Tércio Arnaud Tomaz
Incitação para militares aderirem ao golpe de Estado Eleição de alvos para amplificação de ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investigadas golpistas. Os ataques eram realizados a partir da difusão em múltiplos canais e através de influenciadores em posição de autoridade perante a “audiência” militar Walter Braga Netto, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, Ailton Gonçalves Moraes Barros, Bernardo Romão Correa Neto e Mauro Cid
Jurídico Assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado Filipe Martins, Anderson Torres, Amauri Feres Saad, José Eduardo de Oliveira e Silva e Mauro Cid
Operacional de Apoio às Ações Golpistas A partir da coordenação e interlocução com Mauro Cid, atuavam em reuniões de planejamento e execução de medidas no sentido de manter as manifestações em frente aos quartéis militares, incluindo a mobilização, logística e financiamento de militares das forças especiais em Brasília Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Bernardo Romão Correa Neto, Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Alex de Araújo Rodrigues e Cleverson Ney Magalhães
Inteligência Paralela Coleta de dados e informações que pudessem auxiliar a tomada de decisões do então presidente Jair Bolsonaro na consumação do golpe de Estado. Monitoramento do itinerário, deslocamento e localização do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e de possíveis outras autoridades com objetivo de captura e detenção quando da assinatura do decreto de Golpe de Estado Augusto Heleno, Marcelo Costa Camara e Mauro Cid
Oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos Utilizando-se da alta patente militar que detinham, agiram para influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas para consumação do Golpe de Estado Walter Braga Netto, Almir Garnier Santos, Mario Fernandes, Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, Laércio Vergílio e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira

Em decisão que autorizou a deflagração da operação Tempus Veritatis, o ministro Alexandre de Moraes cita, ainda, a representação peticionada pelo Partido Liberal (PL) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alegando suposta falha no sistema eletrônico de votação.

O movimento, na visão dos investigadores, “configuraria o ato último do grupo para insurgir-se formalmente contra o resultado das eleições presidenciais, na busca por antecipar fundamento à execução de um golpe de Estado, inclusive sob a alegação de esgotamento dos meios legais de contestação do resultado – tudo a fim de reforçar o discurso de atuação ilícita do Poder Judiciário para impedir a reeleição do então presidente Jair Messias Bolsonaro.

Em outro flanco, os investigadores identificaram uma arregimentação de militares com formação em forças especiais (os chamados “kids pretos”, grupo especial do Exército) para atuarem nas manifestações golpistas, organizadas em pontos estratégicos, como as proximidades das sedes dos Poderes e instalações das Forças Armadas. Segundo eles, foram coordenados ataques pessoais contra militares indecisos sobre a adesão ao plano de golpe de Estado.

Eles citam, ainda, a elaboração de um documento com medidas de exceção e o detalhamento de uma suposta interferência no Poder Judiciário no Poder Executivo, de modo a justificar a decretação de prisão do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e dos ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Edson Fachin, do STF – Bolsonaro teria pedido alterações, mantendo apenas a ordem de prisão do primeiro. Inclusive, é apontada a existência de um núcleo de inteligência, que teria monitorado a agenda, o deslocamento aéreo e a localização de diversas autoridades.

“Nesse contexto, está comprovada a materialidade dos tipos penais de tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito (art. 359-1 do código penal) e de tentativa de golpe de Estado (art. 359-M do Código Penal), ambos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 anos”, concluiu Moraes.




Bolsonaro deixa a PF após ficar em silêncio durante depoimento sobre tentativa de golpe de Estado

Investigação é baseada em vídeo, mensagens e documentos apresentados no rastro do acordo de delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)18/10/2023REUTERS/Ueslei Marcelino

Lucas SchroederJoão RosaGabriela PradoElijonas Maiada CNN

São Paulo e Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou em silêncio durante seu depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (22). Ele ficou cerca de meia a hora na sede da PF em Brasília.

A PF apura uma suposta tentativa de golpe de Estado para mantê-lo à frente do Palácio do Planalto após a derrota nas eleições de 2022.

A investigação é baseada em vídeo, mensagens e documentos apresentados no rastro do acordo de delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

A defesa do ex-presidente tentou por três vezes adiar o julgamento, mas o ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte, negou os pedidos.

 

www.reporteriedoferreira.com.br  (Publicado por Lucas Schroeder, da CNN, em São Paulo)




Bar, boate e restaurante Casablanca Por Sérgio Botelho

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: Bar, boate e restaurante Casablanca
Sérgio Botelho
– Em 1993, o angolano Alfredo (Fred), que já virou pessoense carimbado, dono, então, do restaurante Adega do Alfredo, apresentou ao público outro empreendimento, o Casablanca, colado à casa de pastos marco inicial de toda a empreitada. Área bem localizada, num dos espaços mais valorizados da cidade de João Pessoa, do ponto de vista turístico, na bela e histórica praia de Tambaú, à Adega e ao Casablanca logo se juntou outra atividade empresarial: o Royal Hotel.
No Casablanca, um restaurante-boate, com shows, desfiles e música ao vivo, compondo ambiente bastante requintado, havia palco, mas também dancing movimentado ao ritmo de músicas selecionadas, onde, apesar de não ser exatamente uma discoteca, às antigas, naturalmente rolava o rock. (Uma das bandas locais habitués era o Molho Inglês, com a participação de Abelardo Jurema Filho, João Jurema, José Crisólogo, Washington Espínola e Marcelo Jurema).
O Casablanca nasceu sob a inspiração do sucesso hollywoodiano homônimo, de 1942, ambientado na capital do Marrocos, com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, um dos maiores sucessos do cinema internacional. Por sinal, uma imensa tela no interior do Casablanca exibia permanentemente cenas do filme norte-americano, antes e depois de qualquer show, desfile ou de performance de bandas. A decoração acompanhava o estilo das décadas de 1940 e 1950. O ingresso na casa era bastante concorrido, em virtude de perfilar entre as casas noturnas mais frequentadas de João Pessoa, sendo muito difícil que alguém o conseguisse sem antes haver reservado uma mesa.
Fred aproveitava a cozinha da Adega do Alfredo para compor o cardápio do Casablanca, embora houvesse diferenças importantes entre as duas listas de pratos, e nas receitas dos que eram comuns. O proprietário se desdobrava pessoalmente para atender os clientes de ambos os empreendimentos, que funcionavam a um só tempo. Na verdade, aquela área da cidade, mais conhecida como Baixo Tambaú, reunia um bom número de ambientes de diversão, como ainda hoje acontece, transformando o referido espaço urbano num dos setores mais lúdicos da capital paraibana.
Desde então, nunca mais João Pessoa contou com empreendimento semelhante. Portanto, fica aqui registrada a existência do Casablanca, no Baixo Tambaú, em João Pessoa, há cerca de 30 anos, que, de tão singular, deixou saudade.
(A foto é cópia de jornal da época mostrando a banda Molho Inglês, que se apresentava com regularidade no Casablanca)
www.reporteriedoferreira.com.br Por Sérgio Botelho- Jornalista, poeta e escritor