MARINGÁ Por Rui Leitao 

MARINGÁ Por Rui Leitao

Na década de trinta do século passado, quando José Américo de Almeida era ministro da Viação, seu oficial de gabinete, Ruy Carneiro, sugeriu ao compositor Joubert de Carvalho que fizesse uma música tendo como enfoque o problema da seca no Nordeste. O jovem paraibano ofereceu-lhe alguns nomes de cidades do nosso estado, entre eles Ingá e Pombal. O autor da canção imaginou a figura de uma cabocla nordestina chamada Maria de Ingá, que seria personagem principal na letra. Criou a corruptela “Maringá” porque soava melhor. Perguntou depois em que cidade Ruy Carneiro havia nascido, tendo como resposta o município de Pombal, que passou a ser referida na canção que se imortalizou. Foi gravada originalmente na voz de Gastão Fermenti, e posteriormente fez grande sucesso na interpretação de Carlos Galhardo.

 

“Foi numa leva que a cabocla Maringá/Ficou sendo a retirante que mais dava o que falar/E junto dela veio alguém que suplicou/Pra que nunca se esquecesse de um caboclo que ficou”. Os retirantes eram os flagelados da seca nordestina que saiam em procissão abandonando suas terras em busca de uma vida melhor. Num desses grupos o compositor destacou “Maringá”, ou “Maria de Ingá”, cabocla bonita e faceira. Ao partir, deixara alguém que por ela se apaixonara e que rogava que nunca o esquecesse.

 

“Maringá, Maringá/Depois que tu partiste/Tudo aqui ficou tão triste/Que eu garrei a imaginar” O “eu lírico” chora sua dor de saudade. E ao lamentar a sua partida, diz que o local onde morava, sem a presença dela, ficava muito triste. E não conseguia pensar noutra coisa, a não ser nela.“Maringá, Maringá/Para haver felicidade/É preciso que a saude

 

ade/Vá bater noutro lugar”. Chamando muitas vezes pelo seu nome, fica na esperança de que a felicidade possa voltar, junto com ela. E pede que aquela enorme saudade vá embora; vá provocar essa tortura noutro lugar.

“Maringá, Maringá/Volta aqui pro meu sertão/Pra de novo o coração/De um caboclo assossegar”. Apela para que ela retorne ao seu sertão. E assim possa sossegar o coração daquele caboclo que ficou abatido pela lembrança de quem não tem mais ao seu lado.

“Antigamente uma alegria sem igual/Dominava aquela gente/da cidade de Pombal”. Na memória fica a recordação dos momentos felizes que viveram juntos na cidade de Pombal onde moravam. Era um tempo de alegria inigualável.

“Mas veio a seca,/toda chuva foi embora/Só restando então a mágoa/Do caboclo quando chora”. A seca castigou o “eu lírico” de uma forma mais perversa ainda. Sua amada foi embora, junto com a chuva. E só restou esse penar, causa maior do seu pranto.

www.reporteriedoferreira.com.br/Rui Leitão, advogado, jornalista, poeta, escritor.

Do livro CANÇÕES QUE FALAM POR NÓS.




Loja maçônica Grande Oriente da Paraíba Por Sergio Botelho

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS.
Loja maçônica Grande Oriente da Paraíba, na Rua da Areia
Por Sérgio Botelho
– Andar pela rua da Areia é inevitavelmente um passeio emocionante. Afinal, trata-se de uma das vias públicas da capital paraibana abertas nos primeiros instantes da cidade, quando o aglomerado humano e físico foi subindo a partir do Varadouro.
Nessa condição, foi palco de muitas histórias. Houve um lapso de tempo em que foi chamada de Barão da Passagem em louvor a um militar brasileiro da Guerra do Paraguai. Mas não pegou. Ficou Rua da Areia, mesmo, até hoje, por conta justamente da quantidade de areia que escorria pela rua e se juntava na sua parte final, em seus primórdios.
Por tudo o que representa, será um capítulo especial desta série Parahyba e suas Histórias. Nesta quarta-feira, 19, fiz uma breve incursão àquela artéria com objetivo determinado, qual seja o de visitar dois prédios históricos em meio a inúmeros outros também a reivindicar antiguidade. Sobre um dos dois visitados escrevo hoje, justamente o que se encontra mais bem cuidado, porque funcional. É o da foto que ilustra a matéria.
Nele atualmente operam serviços próprios de mais que uma loja maçônica, embora seja reconhecido como sede da Loja Grande Oriente da Paraíba. O resultado da utilização é que o prédio está bem apresentável, como se diz. Encontrei, inclusive, um atencioso cidadão que bota sentido na vetusta obra. Tomo conhecimento que, embora sem uma data exata para sua origem, no final do Século XIX a edificação já existia. A informação é do Memória João Pessoa, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba, esclarecendo que a sua existência foi registrada pelo fotógrafo-historiador Walfredo Rodrigues como sendo, no final do XIX, a representação da França, cujo cônsul era à época Aron Cahn, alto negociante no comércio de exportação local.
Nos anos 1900, o prédio, que até ganhou mais um andar, ficando em três, e platibanda (opção arquitetônica que cobre o telhado), serviu como pensionato, Secretaria de Segurança Pública e Instituto Médico Legal. Segundo descrição técnica no Memória João Pessoa, o prédio tem estilo “neoclássico como a verga em arco pleno na porta principal e na do segundo pavimento, e as janelas superiores com a bandeira de vidro”, e está tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba (Iphaep) por meio do Decreto nº. 8.628, de 26 de agosto de 1980. Quando cruzarem por sua calçada, não deixem de lhe conceder atenção, pois tem história.
www.reporteriedoferreira.com.br Por Sérgio Botelho- Jornalista, historiador, poeta e escritor.
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Com orçamento de R$ 4,2 bilhões e 283 emendas, Câmara Municipal de João Pessoa aprova Lei Orçamentária Anual de 2024

Em votação realizada na manhã desta quinta-feira (21), a Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) aprovou o projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) para o exercício financeiro de 2024. Ao todo, a peça orçamentária recebeu 283 emendas dos parlamentares. Na última sessão ordinária do ano, os vereadores também aprovaram a revisão do Plano Plurianual (PPA) 2024 e outras 25 matérias.

O relator da LOA 2024, vereador Damásio Franca (PP), informou que a receita total para o exercício de 2024, considerando todas as fontes, está estimada em R$ 4.247.719.350,00. Deste montante, R$ 1.008.905.120,00 correspondem às Receitas Tributárias (impostos, taxas e contribuições). “Considerando as receitas do tesouro, as receitas tributárias previstas para o ano de 2024 aumentarão 24,09%, comparando com o ano de 2023”, diz o relatório.

Em relação às despesas fixadas para o exercício financeiro de 2024, o total corresponde ao mesmo montante da receita estimada. Deste valor, R$ R$ 2.057.588.196,00 se referem às despesas com pessoal e encargos sociais; e R$ R$ 649.508.009,00 são de investimentos. Entre as áreas que mais receberão recursos estão Saúde, com R$ 1.072.419.289,00; Educação, com R$ 972.182.000,00; Administração, com R$ 559.523.634,00; e Previdência Social, com R$ Previdência Social 490.016.872,00.

No relatório, Damásio Franca ainda destacou: “O Município tem mantido a responsabilidade com o equilíbrio fiscal, assim como nos últimos anos tem estabelecido a capacidade de pagamento e a relação entre a dívida consolidada e a arrecadação fiscal do Município, realidade esta que favorece o aporte de recursos de programas, especialmente internacionais, para a realização de obras estruturais de grande porte e de infraestrutura urbana e social”.

Emendas

A LOA 2024 recebeu 283 emendas dos parlamentares, sendo 262 emendas impositivas, 20 emendas de remanejamento e uma emenda de texto. Para as emendas impositivas foi fixado o limite de 1,2% da receita corrente líquida realizada no exercício anterior ao da apresentação das emendas. Esse valor equipara a destinação da Câmara à que recebe também o Congresso Nacional. Metade desse valor tem, obrigatoriamente, que ser destacado para a área de Saúde.




Cícero Lucena adia reforma administrativa na Prefeitura de João Pessoa para final de janeiro de 2024

O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), afirmou nesta quinta-feira (21) que vai adiar o prazo para realizar a reforma administrativa na Prefeitura. A previsão inicial era que a reforma fosse concluída até o final do ano, mas o prefeito agora disse que ela deve ser finalizada até o final de janeiro.

O adiamento da reforma administrativa é devido ao fato de que alguns auxiliares do governo de Cícero Lucena pretendem disputar as eleições de 2024. O prefeito disse que está conversando com esses auxiliares e espera definir os novos nomes que irão ocupar os cargos até o final de janeiro.

“Estou conversando com eles (auxiliares que vão disputar as eleições de 2024) e acredito que logo mais a gente tenha uma definição. Espero que seja até o final de janeiro”, disse Cícero em entrevista ao Portal PautaPB.

www.reporteriedoferreira.com.br/PB Agora




Nova sede da CMJP é orçada em R$ 20 milhões e será entregue em até 10 meses

Foi assinada na manhã desta quinta-feira (21) a ordem de serviços para construção da nova sede da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), no Centro Histórico da cidade. A obra será executada a partir de empréstimo de R$ 20 milhões firmado com o banco BRB e deve ser entregue em até 10 meses.

“Obras tão esperadas pelos vereadores, pela população de João Pessoa para ter um espaço digno, um prédio ecologicamente correto, com estacionamento para bicicletas, com luz solar, espaço para carregamento de carros elétricos, reutilização da água. É um prédio inovado, que vai restaurar também o antigo junto com o novo, preservando a história da Câmara na rua das Trincheiras, também fazendo o nosso papel no Centro Histórico, com a nossa contribuição”, afirmou o presidente da CMJP, Dinho Dowsley.

Ele explicou que a nova sede do legislativo municipal terá espaço para 36 gabinetes, já que a partir da próxima legislatura a Casa contará com 29 vereadores.

“A Câmara foi construída na década de 70 para 12 vereadores e hoje é outra realidade. A cidade avança para quase um milhão de habitantes e a gente precisa de estrutura para trabalhar melhor”, pontuou Dinho.

O prefeito, Cícero Lucena, ressaltou a importância do trabalho dos vereadores para a cidade e lembrou a estrutura da sede atual, projetada para apenas 12 parlamentares. “Hoje são 27, indo para 29 vereadores, então, obviamente, não há espaço para que o trabalho seja desenvolvido de forma correta e com condições, além da ampliação do espaço da galeria, para a população utilizar”, disse.

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Dino promete “para breve” solução para de caso do assassinato de Marielle Franco

Flávio Dino durante agenda em João Pessoa (foto: Roberto Targino)

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nesta quinta-feira (21), que a morte da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco será solucionada “em breve”.

“Eu quero reiterar e cravar. Não tenham dúvida, o caso Marielle em breve será integralmente elucidado. Disse Fávio Dino durante evento no Ministério da Justiça, para assinatura de medidas de segurança pública e balanço do ano de 2023. Esses foram os últimos eventoS de Dino no comando da pasta antes de ir para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Dino fez a cobrança pela elucidação da morte de Marielle dirigindo-se ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. Segundo ele, as investigações já estão bastantes avançadas.

“É claro que eu não controlo o inquérito, não tenho a honra de ser policial. Mas o dr. Andrei [Rodrigues] está aqui. Eu quero reiterar e cravar.

Apesar da promessa, Dino disse que não poderia “cravar o dia e a hora” da resolução do assassinato e, questionado, também não deu mais detalhes concretos sobre a investigação.




Loja Maçônica Paz e Harmonia realiza confraternização de Natal 2023

Reporter iêdo ferreira, Dra. Luciene Batista da Silva e o venerável mestre Luiz Gustavo de Aguiar Corrêa Moura

Os irmãos da Loja Maçônica Paz e Harmonia, juntamente com seus familiares realizaram nesta sexta-feira, dia 15 de dezembro, confraternização natalina com a participação de toda a família maçônica de João Pessoa-Pb, na ocasião todos os Maçons homenagearam  o irmão iêdo Ferreira da Silva,  com título de maçom emérito. A confraternização aconteceu  no Bar e Restaurante, Bessa Brasil, localizado na Av. Arthur Monteiro de Paiva – Bessa, João Pessoa.

A Loja  Paz e Harmonia , seu atual venerável  Luiz Gustavo Aguiar Corrêa Moura. A Maçonaria é uma sociedade discreta, na qual homens livres e de bons costumes, denominando-se mutuamente de irmãos, cultuam a Liberdade, a Fraternidade e a Igualdade entre os homens.

VENERAVEL GUSTAVO-IRMÃOS BENIGNO- RONALDO E O CASAL WENDEL E JANINE

Seus princípios são a Tolerância, a Filantropia e a Justiça. Seu caráter secreto deveu-se a perseguições, a intolerância e a falta de liberdade demonstrada pelos regimes reinantes da época. Hoje, com os ventos democráticos, os Maçons preferem manter-se dentro de uma discreta situação, espalhando-se por todos os países do mundo.

 

Sendo uma sociedade iniciática, seus membros são aceitos por convite expresso e integrados à irmandade universal, por uma cerimônia denominada iniciação. Esta forma de ingresso repete-se, através dos séculos, inalterada e possui um belíssimo conteúdo, que obriga o iniciando a meditar profundamente sobre os princípios filosóficos que sempre inquietaram a humanidade. Suas cerimônias são sempre realizadas em honra e homenagem a Deus, ao qual denominam de Grande Arquiteto Do Universo, sendo assim uma das exigências para que se inicie-se como maçom é necessário que se crê em Deus.

Loja Maçônica, denominada como Templo encontra-se estabelecida rua Grande Loja Maçônica do Estado da Paraíba Rua Severino Massa Spinelli, 390, Tambaú, João Pessoa-PB, sendo suas reuniões as segundas-feiras, às 19 horas.

 

CASAL WENDEL E JANINA

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Cícero Lucena sanciona Coordenadoria da Igualdade Racial com presença do líder da oposição

Nesta quinta-feira (21), o prefeito Cícero Lucena sancionou o projeto de Lei que cria a Coordenadoria Municipal de Promoção da Igualdade Racial na Capital. A solenidade aconteceu no Centro Administrativo Municipal (CAM), em Água Fria, com a presença do vice-prefeito Leo Bezerra, dos vereadores Bruno Farias, Marcos Henriques (líder da oposição) e Odon Bezerra e de entidades representativas. O prefeito Cícero Lucena destacou o respeito, o olhar e a dedicação da Prefeitura em cuidar de todos os segmentos da sociedade de forma igualitária e garantindo todos os direitos.

“Viver momentos como esse nos realimenta, nos estimula fazer cada vez mais. Você poder ajudar, colaborar com aqueles que precisam do olhar, do trabalho, da dedicação do serviço público, da eficiência, da capacidade, mas principalmente do trabalho, do caminho que nós estamos implementando na nossa gestão”, pontuou o prefeito.

O vice-prefeito Leo Bezerra disse que a partir de agora será possível dar mais voz a população negra, por meio de uma Coordenadoria específica, com seu orçamento, para avançar em políticas públicas. “Agradeço a todos os vereadores que nos ajudaram e contribuíram por essa assinatura, por essa lei feita por todos. Agradecer a sensibilidade do prefeito Cícero, porque no momento que levamos a ideia pra ele, ele acatou de pronto”, afirmou.

A Coordenadoria Municipal de Promoção da Igualdade Racial em João Pessoa antes estava vinculada a Coordenadoria Municipal de Promoção da Cidadania LGBT. Com a independência, ambas as coordenações ficam mais fortalecidas – a gestão municipal avança para oferecer mais proteção, como destacou Francisca Leite Duarte, do Conselho Municipal de Igualdade Racial.

“Essa criação, para nós, pessoas pretas, que ao longo da história estamos em último plano, está sendo histórica. Isso eu posso dizer com certeza, que a lei saiu do papel e agora é realidade. Posso dizer também, sem medo de pecar, que o poder público municipal, através do prefeito, é realmente, para se dizer, antirracista. É um prefeito antirracista, assim como os parlamentares, os vereadores que acolheram o nosso pedido pelo desmembramento”, argumentou.




Casal em situação de rua é assassinado  a tiros em João Pessoa

Crime aconteceu após uma discussão e foi registrado por câmeras de segurança

Casal é morto em Tambaú, em João Pessoa

Casal é morto em Tambaú, em João Pessoa (Foto: Redes Sociais)

Um homem e uma mulher foram mortos a tiros na noite dessa quarta-feira (20) no bairro Tambaú, em João Pessoa. O casal vivia em situação de rua e foi assassinado após uma discussão com o atirador.

De acordo com informações da Polícia Civil, imagens de câmeras de segurança de residências na região ajudaram os investigadores a entender a dinâmica do crime.

“Esse casal entrou em discussão e, em seguida, uma agressão a esse indivíduo que estava com eles. Esse indivíduo então se armou com uma arma de fogo e retornou ao local e, a partir da tentativa dessas pessoas de contê-lo, ele efetuou disparos”, disse o delegado Diego Garcia.

Após o crime, o atirador fugiu em uma bicicleta. A polícia faz buscas na região para tentar localizar o criminoso. Até a publicação desta matéria, nenhum suspeito havia sido preso.

 O delegado Diego Garcia reforçou a importância de denúncias ao 197, da Polícia Civil, com informações verdadeiras sobre o crime. As ligações são anônimas e o sigilo é garantido.




Lapinhas do Cordão Encarnado Por Sérgio Botelho

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. Lapinhas do Cordão Encarnado
Sérgio Botêlho –
“Boa noite meus senhores todos, boa noite senhoras também, somos pastoras, pastorinhas belas, que alegremente vamos a Belém, somos pastoras, pastorinhas belas, que alegremente vamos a Belém…” A letra é parte de uma música que marca uma das tradições mais belas do Natal, infelizmente perdida no tempo, em João Pessoa, a das Lapinhas, também conhecida no Nordeste como Pastoril. A tradição já foi muito forte em João Pessoa, espalhada por seus bairros mais tradicionais.
Na época de menino, morador do Centro, lembro bem dessa tradição natalina que acontecia no Cordão Encarnado. Para quem não sabe, o Cordão Encarnado é toda aquela área urbana que se situa a partir do Pavilhão do Chá (Praça Venâncio Neiva) até as proximidades do Cemitério Senhor da Boa Sentença, já no Varadouro. Dentro do espaço situado entre as ruas índio Piragibe, São Miguel, Nina Lima (que continua a João Machado até o Cemitério), e Rodrigues Chaves, voltando às proximidades do Pavilhão do Chá. Uma extensão do que se chama Centro da cidade. (O local bem antigamente, na época de fundação da cidade, compunha aldeia dos índios Tabajaras). O próprio nome “Cordão Encarnado” decorre justamente da tradição da lapinha, uma espécie de teatro-musical, nos períodos natalinos.
É conhecida por sua dança dramatizada, que geralmente envolve mulheres divididas em dois cordões, um de cor azul e outro de cor encarnada, que representam os “pastores” buscando o Menino Jesus. (O enredo inclui elementos de comédia e disputa entre os cordões; e em algumas versões, até mais profanas, de humor pesado e provocativo!). Normalmente a mestra comanda o Cordão Encarnado, e a contramestra, o Azul. Ao centro, a Diana, vestida metade de vermelho e a outra metade de azul. Apesar da competição simbólica entre os cordões, a Diana frequentemente atua como um elemento unificador na performance. Em meio à disputa, o povo em geral, os comerciantes presentes e os políticos, em particular, colaboram financeiramente com o cordão preferido. O cordão mais beneficiado com as arrecadações é o vencedor.
As pastoras, com pinturas e adereços, cada qual metida em sua cor. Era uma festa bonita, que marcava o Cordão Encarnado, geralmente encenada na Rodrigues Chaves, por ser uma rua mais larga e mais contígua ao Centro. O Pastoril praticamente desapareceu em João Pessoa, mas ainda existe em várias cidades nordestinas, incluindo da Paraíba (notícias a respeito vêm de Cabedelo, Santa Rita e Guarabira), mas especialmente em Pernambuco, uma gente que gosta de preservar raízes. Um tipo de manifestação que, juntamente com outras que fizeram a história cultural pessoense, bem que poderiam tornar a ser incentivadas. Foi o que fez um dia o inesquecível Ariano Suassuna, na função de secretário de Cultura, em Pernambuco, com os maracatus, hoje redivivos espetacularmente. Afinal de contas, um povo que não preserva suas identidades simplesmente deixa de existir enquanto povo.
www.reporteriedoferreira.com.br Por Sérgio Botelho- Jornalista, escritor, poeta e historiador