A INAUGURAÇÃO DO HOTEL TAMBAÚ Por Rui Leitao
Publicado no jornal A UNIÃO edição de hoje:
A INAUGURAÇÃO DO HOTEL TAMBAÚ Por Rui Leitao
Enfim o Hotel Tambaú estava pronto. Como dizia o Governador Ernany Sátiro, “A Paraiba abria as portas para o turismo”. A cidade ganhava o seu mais novo cartão postal. O projeto arquitetônico, que levava a assinatura de Sérgio Bernardes, chamava a atenção, não só por sua singular forma arredondada, mas por ter sido construído nas areias da praia, algo inusitado.
Certamente, na atualidade, não se permitiria a sua construção. Na época, João Pessoa não possuía ainda o seu Plano Diretor, que só veio a existir em 1974. Portanto, não havia ilegalidade na sua edificação. Hoje os ambientalistas se insurgiriam contra, por considerá-lo uma agressão à natureza.
Construído, o governo do Estado vendeu o equipamento turístico à Companhia Tropical de Hotéis. Também não se questionou a forma da operação de venda, mesmo sem concorrência pública.
A inauguração aconteceu na noite do dia 11 de setembro de 1971, com uma festa de que só participaram personalidades convidadas. O povo não teve acesso, o que se entendia como conveniente para preservar a sua estrutura física. Não era um evento adequado à participação popular. Presentes o Governador que concluiu a obra, Ernany Sátiro, e o Governador que deu início e teve a ideia da sua construção, João Agripino. Naquela noite o cinema, também inaugurado, exibiu o filme “O Aeroporto.
Na véspera, os novos proprietários do hotel ofereceram um almoço às autoridades. Ocorreu um fato que causou certo constrangimento: o Padre Zé Coutinho teria sido barrado à entrada do restaurante. Ao tomar conhecimento do que acontecera, o governador Ernany Sátiro manifestou seu desagrado e comunicou a decisão de levar o sacerdote que havia sido impedido de comparecer ao almoço, para a solenidade de inauguração, e que seria ele o responsável pela bênção religiosa do hotel, mesmo com a presença do Arcebispo Dom José Maria Pires. Essa foi a forma que a principal autoridade do Estado encontrou para desagravar o Padre Zé.
O quadro de empregados era quase na sua totalidade formado por paraibanos, selecionados pelos profissionais de recursos humanos da Companhia Tropical de Hotéis. Em frente se instalou uma praça de táxis, com dez Opalas, cujos motoristas foram especialmente treinados para prestarem serviços aos turistas.
Nós, que não tivemos a oportunidade de participar da festa da inauguração, só podemos conhecer a parte interna do hotel dias depois, em visitas permitidas ao público, de forma a evitar aglomerações que comprometessem o seu funcionamento normal, nem perturbassem os hóspedes. No entanto, tornou-se motivo de orgulho para todos nós paraibanos. O Hotel Tambaú é classificado como uma das obras clássicas da arquitetura brasileira.
Lamentavelmente esse cartão postal de nossa cidade se encontra abandonado, sendo deteriorado, embora se saiba que há interesses empresários em fazê-lo voltar a funcionar. Estamos na torcida para que isso, de fato, possa acontecer.
www.reporteriedoferreira.com.br Por Rui Leitão- jornalista, advogado, escritor ,poeta.