MP questiona se Flávio Bolsonaro pagou empréstimo de mansão milionária

Imóvel tem custo estimado de cerca de R$ 6 milhões

Flávio Bolsonaro
Reprodução

Flávio Bolsonaro

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) quer saber se o senador Flávio Bolsonaro pagou as parcelas já vencidas do empréstimo que fez para a compra de uma mansão de R$ 6 milhões no Lago Sul, na Capital Federal.

Para isso, cobrou informações oficiais do Banco de Brasília.

Do valor total do imóvel, R$ 3,1 milhões foram financiados pelo instituição financeira citada. O pagamento do financiamento foi acordado em 360 parcelas, a uma taxa de juros de balcão efetivos de 4,85% ao ano e taxa de juros efetivos reduzida de 3,71% ao ano. As parcelas seriam, em média, de R$ 20 mil.

Em sua manifestação, o MPDFT deferiu um pedido da deputada federal Erika Kokay (PT-DF) em ação popular na qual aponta supostas irregularidades no contrato do filho do presidente Jair Bolsonaro com o Banco.

O documento é assinada pelo promotor de Justiça Eduardo Gazzinelli Veloso. “Na oportunidade, a pretensão da autora popular de submeter ao presente feito informação oficial sobre a adimplência do contrato aparenta relação com a inicial, razão pela qual oficiamos por seu deferimento, com limitação da demanda ao BRB de simples declaração de quitação (ou não) das parcelas já vencidas”, apontou.

A mansão fica no Setor de Mansões Dom Bosco, um dos mais valorizados de Brasília. O imóvel tem área total de 2,4 mil metros quadrados. A escritura de compra foi registrada em um cartório em Brazlândia, cidade a 45 quilômetros da capital.




Ex-aliado diz que governo Bolsonaro pagou R$ 10 mi por votos na eleição de Lira

Delegado Waldir disse ainda que votos na reforma da Previdência custaram R$ 20 milhões

Delegado Waldir
Agência Câmara

Delegado Waldir

O deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO) disse que a eleição para a Presidência da Câmara, em fevereiro passado, foi pautada em dinheiro público. Segundo ele, o governo liberou R$ 10 milhões em emendas para os parlamentares que entregaram votos a favor de Arthur Lira (PP-AL), eleito com 302 dos 513 votos contra Baleia Rossi (MDB-SP) .

A declaração foi feita em duas entrevistas ao site The Intercept Brasil. Hoje ex-aliado do governo Jair Bolsonaro, Waldir fala à imprensa no momento em que decidiu cobrar os milhões a que diz ter direito por ter votado a favor do governo em pautas importantes.Um exemplo disso é a reforma da Previdência, em novembro de 2019, cujo voto valeu R$ 20 milhões, segundo ele.Em ambas as votações, Waldir diz que não recebeu o recurso. “O [Major] Vitor Hugo proibiu. Ele era líder do governo, depois se tornou líder do PSL e proibiu que eu recebesse”, contou o deputado.

De acordo com Waldir, ele ficou de fora da partilha por ter rompido com o núcleo do presidente da República quando foi gravado chamando Bolsonaro de “vagabundo” e ameaçando “implodir o governo”.”Teve liberação. Eu não recebi, eu e um grupo de deputados que foram dissidentes e permaneceram com o presidente [do PSL] Luciano Bivar. Alguns receberam, não foram todos. O governo me deve, porque fez um compromisso. E eu quero [receber], porque é dinheiro para meu estado”, cobrou. Ao site, ele disse que seu plano é destinar o recurso para a educação e para aquisição de maquinário agrícola.

Waldir explicou que a articulação, no caso da Previdência, era feita diretamente com o Ministério da Casa Civil, mas não se discutia projetos específicos, e sim o valor para que ele executasse da forma que quisesse. O fator político entra na importância do parlamentar. Por exemplo, conforme explicou Waldir, os líderes de bancada tinham direito ao dobro de recursos, além de controlar as emendas, podendo distribuí-las livremente.

“Tem muito líder que é malandro, que em vez de dividir com todos os parlamentares da bancada, pega tudo para ele. Ele já tem direito ao dobro, mas além de ter o dobro, ele tem 10 vezes mais, 20 vezes mais [que outros deputados]. Você pega as redes sociais do Vitor Hugo, tem R$ 300 milhões [em emendas divulgados]. Nós recebemos R$ 100 milhões de emendas oficiais, individuais e de bancada. Duzentos milhões, ele recebeu de extra. De extra não devo ter recebido R$ 20 milhões. E ele recebeu R$ 200 milhões”, acusou.

Modus operandi

Waldir conta que esse é o modus operandi do governo – pagar em torno de R$ 5 milhões aos deputados que apoiam os projetos governistas, podendo ampliar esse valor em pautas importantes. Geralmenta, a demanda chega do governo e aí Arthur Lira parte para a articulação com as emendas de relator , a fim de angariar os votos necessários.

“Ele é quem carrega o governo. Quem manda no governo hoje é o Lira. Não é o Bolsonaro, é o Lira”, disse Waldir, acrescentando que o líder da gestão na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), “é nada” nessas negociações.