Empresário diz que não tomou vacina contra Covid-19 e questiona uso de máscara

Otávio Fakhoury

Em depoimento na CPI da Covid, o empresário bolsonarista e presidente do PTB em São Paulo, Otávio Fakhoury, adotou nesta quinta-feira uma retórica negacionista e afirmou que nem ele, nem sua família tomaram a vacina contra a Covid-19. Fakhoury também questionou a eficácia do uso de máscaras para conter o contágio do vírus, contrariando pesquisas que já mostraram que o contágio diminui com o uso da proteção facial.

Ele afirmou ainda que tomou cloroquina, remédio sem eficácia contra a Covid-19, quando pegou a doença, após receita médica. Fakhoury é apontado por integrantes da comissão como um dos principais financiadores de uma rede de disseminação de fake news e de apoio a atos antidemocráticos durante a pandemia. O empresário é investigado no inquérito das fake news do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os senadores exibiram vídeos em que Fakhoury se posiciona contra vacinas e o uso de máscaras. Questionado sobre isso, o empresário afirmou que seus filhos receberam todas as vacinas, mas que, no caso da Covid-19, seriam produtos experimentais. Assim, nem ele nem sua família se vacinaram. Na verdade, todas as vacinas aplicadas no país têm autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Elas [vacinas] têm que ser adquiridas e oferecidas pelo governo, mas ainda hoje se encontram em estágio experimental. Não devem ser obrigatórias. Para minha família, pessoalmente, espero o término dos testes para decidir se imunizo ou não”, disse Fakhoury.

Ele disse não desestimular o uso de máscara, mas afirmou acreditar que elas não são eficientes.

“Durante muito tempo, eu e muitas pessoas usaram máscaras e pegaram Covid do mesmo jeito”, disse Fakhoury, acrescentando: “Para mim, elas não tem a eficiência que se fala. Minha opinião”.

No vídeo, ele e outras pessoas tiram a máscara que estão usando. Questionado pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), se isso não era um desestímulo ao uso de máscaras, Fakhoury respondeu:

“As pessoas assistam e tirem a conclusão”.

O depoente admitiu que auxiliou na produção de vídeo que induz a não usar máscara contra Covid-19.

“Forneci um clip de imagem, mas não participei da edição”, disse.

Ele negou que tenha patrocinado a produção do vídeo e alegou que apenas compartilhou sua opinião sobre o tema.

Instituto Força Brasil

Ele confirmou que custeou o Instituto Força Brasil (IFB), do coronel Helcio Bruno de Almeida, até que ele pudesse andar por pernas próprias. Fakhoury é vice-presidente da entidade, mas disse que não participava de sua gestão. Segundo ele era apena uma função institucional, figurativa, em razão da ajuda financeira que deu. Disse também ser amigo do coronel.

Helcio prestou depoimento na CPI em agosto, após suspeitas de irregularidades em negociação de vacinas com o Ministério da Saúde, intermediada pela empresa Davati, na qual ele se envolveu. Omar Aziz lembrou que ele o IFB tentou negociar vacinas da AstraZeneca, uma das que ele não quer tomar no momento.

“Tivemos uma reunião em que está sendo deliberado se vai trocar a diretoria toda, se vão entrar pessoas novas, ou se vai ser extinto”, afirmou Fakhoury.

Resposta a ataque homofóbico

No início da sessão, o senador Fabiano Contarato (Rede-AP), fez um discurso em resposta a um ataque homofóbio que recebeu de Fakhoury. O empresário tinha feito uma publicação no Twitter em que ataca o parlamentar por um erro grafia ao usar a palavra “fragrancial” em vez de “flagrancial”. Contarato, que é homossexual, pediu para que Fakhoury seja investigado pelo crime de homofobia. A solicitação foi aceita pela CPI, que determinou o envio do relato do senador para o Ministério Público.

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