Covaxin: há muita coisa a ser explicada por Valter Nogueira
por Valter Nogueira
Covaxin: há muita coisa a ser explicada
O Brasil tem uma máquina administrativa enorme, de tamanho desnecessário e que se “justifica”, apenas, para acomodar aliados com base na prática da troca de cargos por apoio à governabilidade no Congresso Nacional. Por essa razão, o presidente da República não tem como saber de tudo que acontece nos ministérios.
– Mas, em parte, sabe, sim!
Um gestor (presidente, governador, prefeito) participa ou deveria participar de toda ação que envolve grandes licitações, compras e contratos bilionários, sob pena de incorrer em crime de responsabilidade. Afinal, no final, será ele a pagar a conta.
No caso atual, ao suposto escândalo da Covaxin acrescente-se o fato de que a compra de vacinas contra a covid-19 está em foco, é assunto recorrente no Brasil ante à pandemia. E, ainda, no Ministério da Saúde – lembram? – , o presidente Bolsonaro manda, os ministros obedecem.
Em meio ao caos, surge uma nova linha de investigação: a crise atual que aponta suposta corrupção no Ministério da Saúde pode começar num contrato para compra de vacina chinesa e terminar numa conta numerada no paraíso fiscal de Singapura.
Intermediário
No caso da Covaxin, é a primeira e única vez até agora em que o governo brasileiro precisou de um intermediário para comprar vacinas. No caso em questão, a conta não bate, tem muita coisa ainda a ser explicada pelo governo.
O governo nega – ou vinha negando – qualquer irregularidade no acordo de compra da Covaxin, no valor de R$ 1,6 bilhão, assinado no dia 25 de fevereiro. De acordo com o contrato, o governo pagaria US$ 15 a dose, valor bem mais alto do que o dos outros imunizantes já adquiridos pelo Ministério da Saúde.
CPI
Por tudo que veio à tona, de repente, a CPI da Covid vai colher nesta quinta-feira (1º) o depoimento do empresário Francisco Emerson Maximiniano, sócio da Precisa Medicamentos. Ele pode e deve esclarecer muita coisa.
A questão é a seguinte: Quanto a empresa ganharia com a intermediação da compra pelo governo brasileiro? E por que o fabricante indiano tentou receber um adiantamento de R$ 500 milhões a ser pago numa offshore em Cingapura, antes de entregar o primeiro lote de vacinas?
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