Sob acusações de fraude e boicote de oposição, Venezuela realiza eleições legislativas neste domingo
Assembleia Nacional, presidida por Juan Guaidó, é o único poder ainda nas mãos de opositores de Nicolás Maduro. Novo Conselho Eleitoral elevou número de deputados de 167 para 277; primeira-dama e filho do presidente estão entre os mais de 14 mil candidatos.
Apoiadores do governo venezuelano participam de comício de candidatos do partido Grande Polo Patriótico à Assembleia Nacional, em Caracas, na quinta-feira (3) — Foto: AP Photo/Ariana Cubillos
A Venezuela realiza neste domingo (6) eleições para a Assembleia Nacional, mais uma vez sob acusações de fraude e boicote dos partidos de oposição ao presidente Nicolás Maduro.
O bloco, com 27 partidos, justifica sua ausência afirmando que as autoridades eleitorais foram nomeadas pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), de tendência governista – no passado, essa era uma competência do Parlamento.
A Assembleia Nacional – presidida por Juan Guaidó, que não concorre à reeleição – é o único setor do governo não comandado por aliados de Maduro, mas desde 2017 está praticamente sem poderes, já que o Supremo Tribunal a declarou em desacato e posteriormente anulou todas as suas decisões.
Além das 167 cadeiras já existentes, foram criadas mais 110 vagas pelo novo Conselho Eleitoral Nacional, elevando a 277 o número de deputados que serão eleitos, com posse prevista para janeiro de 2021.
Os candidatos à Assembleia Nacional são eleitos por dois sistemas, voto nominal e voto por lista.
Dos 277 deputados, 48% serão escolhidos por voto nominal direto, conquistando a vaga por maioria simples. Os outros 52% serão eleitos de acordo com a ordem estabelecida pelos próprios partidos em listas nacionais e regionais. Por esse sistema, quem alcança primeiro o coeficiente termina eleito.
Anteriormente, a proporção era de 70% para voto nominal e 30% por lista.
Entre os mais de 14 mil candidatos estão a primeira-dama, Cilia Flores, e o filho de Maduro com sua primeira mulher, Nicolás Maduro Guerra, que para a campanha adotou o nome Nicolás Ernesto.
Mais de cinco milhões de cidadãos estão aptos a votar, mas o voto não é obrigatório na Venezuela e é esperado que os níveis de abstenção sejam altos devido à pandemia de Covid-19.
Oficialmente, o país registra 103 mil casos da doença e 905 mortes, embora exista a suspeita de que os números reais sejam bem maiores.
Consulta popular
Os opositores de Maduro também convocaram, entre os dias 7 e 12, uma consulta popular na qual os cidadãos serão questionados se exigem que Nicolás Maduro cesse “a usurpação da Presidência” e se pedem “eleições presidenciais e parlamentares livres, justas e verificáveis”.
Apoiadores do governo venezuelano participam de comício de candidatos do partido Grande Polo Patriótico à Assembleia Nacional, em Caracas, na quinta-feira (3) — Foto: AP Photo/Ariana Cubillos
A consulta também questiona as próprias eleições deste domingo, cogitando seu cancelamento: “O senhor rejeita o evento de 6 de dezembro organizado pelo regime de Nicolás Maduro e pede à comunidade internacional que o ignore?”, diz uma das perguntas que serão apresentadas.
www.reporteriedoferreira.com.br Por G1