COISAS DO JORNALISMO: Por Gilvan de Brito

COISAS DO JORNALISMO: Por Gilvan de Brito

 

Quem não tem seus momentos sublimes na vida jornalística, sempre ao lado de Inteligências brilhantes que incentivavam a desenvolver os conhecimentos e mergulhar no infinito, muitas vezes, e só depois é que nos damos conta. Os grandes lances da convivência sadia e elevada surgiu quando fui trabalhar na sala de imprensa do governador Ernani Sátyro, ao lado de Biu Ramos, Jório Machado, Barreto Neto, Martinho Moreira Franco, Luis Augusto Crispim, Frank Ribeiro, Luis Ferreira, equipe constituída por Noaldo Dantas, reunindo a nata do jornalismo paraibano de então. Cada um tinha a sua redação dos jornais de João Pessoa:

Correio, Norte, A União, Jornal da Paraíba, O Momento, Diário da Borborema (que era feito na Capital, e algumas publicações alternativas, chamadas de ocasionários. Chegávamos no começo da noite, saído das redações de cada profissional, subíamos as escadas do prédio de A União, do lado Leste, entrávamos na sala à direita e começávamos a conversar descontraidamente sobre o sexo dos anjos. Depois entrava Noaldo com alguns papéis contendo um roteiro com as notícias das atividades do Governo em todos os campos de atividades.

As notícias brutas trazidas pelos repórteres durante a tarde eram copidescadas com um texto final primoroso que depois eram juntadas as fotos colhidas por Bezerra, Antônio David e distribuídas nas redações. Os editores aproveitavam tudo que se mandava e o governador adorava a seleta equipe, pelo que produzia de boa qualidade. De posse a matérias os jornalistas começavam a copidescar, às vezes conversando entre si a respeito de assuntos que sempre envolvia a todos. Então quando não sabíamos de uma coisa qualquer, perguntávamos em voz alta e aquele que soubesse, daria a resposta: Martinho Moreira Franco perguntava: “Quem sabe o plural de blitz?” Frank Ribeiro respondia de lá, sem levantar a cabeça: “blitzen”. Nunca ficou uma dúvida para o dia seguinte.

Um dia Martinho foi fazer uma reportagem do governador em Brejo das Freiras, e produzia uma matéria inusitada sob o título “Não é brejo nem tem freiras” outro dia Noaldo pediu-me uma matéria sobre a Assembleia e eu escrevi: “Legislativo, a essência orgânica da democracia”. Quando Noaldo gostava muito da matéria publicava-a na revista ”Extraordinária”, que também produzíamos. Nós iamos de vento em popa quando Noaldo caiu em desgraça e foi demitido por Ernany Sátyro depois que o jornal A União trocou os nomes do presidente da República escolhido: Ernesto Geisel pelo irmão também general Orlando Geisel. Ernany, cativo dos militares, precisava de uma resposta á altura para acalmar a ditadura e demitiu o secretário da comunicação e toda a diretoria de A União. A equipe esfacelou-se. Não sei por que eu me lembrei dessas coisas hoje de manhã, antes de levantar-me.

www.reporteriedoferreira.com.br   Por Gilvan de Brito, Jornalista, advogado e escritor.