O PLJ – PARTIDO DA LAVA JATO: Escrito Por Rui Leitao
O PLJ – PARTIDO DA LAVA JATO: Escrito Por Rui Leitao
Inicialmente os propósitos pareciam confiáveis. A Lava Jato surgia dando a esperança de que realmente vinha para combater a corrupção no Brasil. Os primeiros movimentos ofereciam essa perspectiva. Os procuradores do Ministério Público Federal, comandados por Deltan Dallagnol, conquistaram a confiança da sociedade brasileira, contando com a ajuda da grande mídia corporativa nacional.
O que se espera de uma “força Tarefa” que assume a responsabilidade de investigar atos de corrupção num país? Que seja isenta e apartidária. Aos poucos deu para perceber que a chamada “República de Curitiba” tinha outros objetivos. Uma estranha associação entre procuradores de justiça e julgadores, dava a demonstração de que havia um projeto político por trás dessas boas intenções. Não tardou muito para que isso ficasse evidenciado.
Se apresentando como uma cruzada de “cidadãos de bem” contra corruptos, na verdade mostrou ser uma ação reacionária ideologicamente de extrema direita. O Ministério Público Federal do Paraná assumiu o papel de “polícia política”, numa articulação com o poder julgador, na pessoa do Juiz Sérgio Moro, que, por sua vez, adotou uma postura comportamental de favorecimento parcial à acusação. Se estabeleceu, para delírio da imprensa elitista, uma fúria persecutória contra os partidos de esquerda e a maior liderança popular do país, com o intuito de viabilizar politicamente a ascensão da direita ao poder.
Usaram despudoradamente as instituições democráticas como armas contra os adversários escolhidos e montagem de um palanque para dar força ao discurso que ajudasse a desgastar a já enfraquecida credibilidade da atividade política. Definiram a “anti-política” e o “antipetismo” como bandeiras dessa operação que se dizia “contra a corrupção”. O juiz Moro desenvolveu uma estratégia política enquanto exercia o papel de chefe das investigações, desconsiderando a obrigação que um magistrado deve ter, mantendo-se distante das partes antes de julgar. Fez, então, triunfar na eleição de 2018 a tese de que “os fins justificam os meios”. Tanto é verdadeira essa compreensão que o Partido da Lava Jato aderiu à candidatura do presidente eleito, ganhando, por compensação, o cargo de Ministro da Justiça.
O PLJ, entretanto, percebeu que o “outsider” que ajudou a eleger, não estava disposto a alimentar a ambição política do pessoal da “República de Curitiba”. Ameaçados de darem continuidade ao projeto que idealizaram, seus integrantes resolveram romper saindo do governo e se posicionando como adversários com vistas à eleição de 2022. Já lançaram candidato à presidência e estão em plena campanha. Não é preciso muito esforço para saber quem seja. Claro, o comandante maior do Partido da Lava Jato, o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro.
Nas eleições de 2018 o procurador Deltan Dalagnol já cogitou em disputar o mandato de senador pelo Paraná. Naquele ano o PLJ já estava consolidado, ao arrepio das leis. Se bem que obediência ao que se possa entender como legalidade nunca foi o forte da República de Curitiba. As revelações do Intercept, todavia, deixaram o “rei nu”. O PLJ já não tem condições de se exibir como o promotor da justiça e do combate à corrupção. Não se combate a corrupção praticando atos que violentam o Estado Democrático de Direito. Vamos em frente.
www.reporteriedoferreiar.com.br Por Rui Leitão, Jornalista, advogado e escritor.