O FANÁTICO POLÍTICO Escrito Por Rui Leitao 

O FANÁTICO POLÍTICO:  Escrito Por Rui Leitao
A defesa fervorosamente feita de uma opinião, sem respeito à racionalidade, é o que podemos chamar de fanatismo político. Paixão que produz delírios. O fanático político trata o seu líder como se fosse uma divindade, um ser mitológico. Na política contemporânea brasileira, observamos comportamentos e atitudes que se assemelham na inadmissão do pensamento contrário, tanto entre os militantes da direita, quanto da esquerda. Ambos se acham donos da verdade inquestionável.
Na verdade, essa guerra nada mais é do que uma disputa pelo poder. Imparcialidade e objetividade não são considerados para estabelecer um debate responsável e consciente. O fanático político está pouco preocupado em mostrar a verdade. Para ele o que interessa é defender os interesses do grupo a que pertence. Comunistas ou fascistas priorizam a manifestação do amor ou repúdio às ideias em conflito.
Será tão difícil ser de esquerda ou de direita sem aderir ao fanatismo político, perdendo a capacidade do diálogo? Vamos continuar estimulando mentalidades intolerantes se alastrarem pelo país? Precisamos transcender esse tribalismo, se realmente queremos construir uma nação melhor, mais igualitária e mais justa. O fanatismo é uma doença mental e psicossocial. Via de regra se associa a pensamentos autoritários, uma vez que não se compatibiliza com o exercício da democracia.
Os fanáticos políticos são submissos e alienados, “cordeiros rumo ao abatedouro”. Quanto mais obedientes, mais enquadrados nessa forma de comportamento. Quando um governo deixa explícita sua contrariedade à atividade política da oposição, está alimentando as posturas dos fanáticos. Até porque eles são a sustentação eventual das suas ideias. Embora, a História tenha nos mostrado que esses posicionamentos tiranos têm vida curta. Desconhecem que o poder é efêmero, dura o tempo em que a sociedade estiver anestesiada pelo fanatismo. Mas nenhuma anestesia é por todo o tempo. O efeito de adormecimento de consciências tem prazo de eficácia.
Em síntese, o que quero dizer é que sob a influência do fanatismo político, estaremos longe de alcançar a cultura da paz, do entendimento, da participação popular e democrática. Qualquer forma de imposição representa fanatismo. Governantes de plantão que estimulam o fanatismo, não desejam a construção de uma sociedade humana, solidária, justa e sustentável. A cidadania detesta radicalismos ideológicos. A ideologia é importante no nosso cotidiano, não como instrumento de dominação cultural, social e política, e sim como prática da consciência crítica.
Eu sou de esquerda, mas me esforço para fugir do radicalismo fanático. Sou porque me oriento essencialmente para a igualdade social, contra a intolerância à diversidade étnica, cultural e sexual. Mas respeitando quem pensa diferente de mim, sem que se coloque na posição adversa com fanatismo. Assim, se exerce a democracia. Os extremistas que fiquem fora desse debate.
www.reporteriedoferreira.com.br   Por Rui Leitão, Jornalista, advogado e escritor.