Protestos contra o racismo entram no nono dia nos EUA
Manifestações após a morte do ex-segurança George Floyd continuam em diversos locais do país e também no exterior.
Manifestante oferece máscara de proteção a policial, perto da Casa Branca, em Washington, na quarta-feira (3) — Foto: Reuters/Kevin Lamarque
Os Estados Unidos entraram nesta quarta-feira (2) no nono dia de manifestações contra o racismo após a morte do ex-segurança George Floyd em uma ação policial em Minneapolis. Segundo as próprias autoridades, a violência diminuiu na noite de terça e o número de detidos também foi menor em diversas cidades.
O secretário de Defesa dos EUA, Mike Esper, entrou em conflito com o presidente Donald Trump ao se posicionar publicamente nesta quarta contra o uso de militares para conter os manifestantes. Na segunda-feira, Trump afirmou que poderia enviar tropas às cidades onde houvesse confrontos com a polícia.
Esper disse que a Lei da Insurreição, que permitiria a Trump usar militares da ativa para conter os protestos, deveria ser invocada “apenas nas situações mais urgentes e terríveis” e que “não estamos em uma dessas situações agora”.
Nesta quarta o procurador-geral de Minnesotta, Keith Ellison, ampliou as acusações contra o policial Derek Chauvin, além de acusar também outros três policiais que atuaram com ele no dia em que Floyd foi detido e morreu. Embora não apareçam no vídeo, eles ajudaram a imobilizar o ex-segurança.
FAMILY’S REACTION: This is a bittersweet moment. We are deeply gratified that @AGEllison took decisive action, arresting & charging ALL the officers involved in #GeorgeFloyd‘s death & upgrading the charge against Derek Chauvin to felony second-degree murder. #JusticeForGeorge
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3:16 PM – Jun 3, 2020Twitter Ads info and privacy
Agora, Chavin é acusado de homicídio em segundo grau e Thomas Lane, J. Kueng e Tou Thao são acusados ajudar e favorecer homicídio em segundo grau (assassinato intencional não premeditado, quando o autor tem intenção de causar danos corporais à vítima).
Até então, apenas Chauvin havia sido detido e acusado de homicídio culposo (sem intenção de matar) e assassinato em terceiro grau (quando é considerado que o responsável pela morte atuou de forma irresponsável ou imprudente).
Veja abaixo um breve resumo dos protestos desta quarta (3)
- Tropas de reforço que haviam sido enviadas para Washington DC já começam a deixar a capital do país. Nesta quarta, 200 soldados já retornam a suas bases originais.
- Também em Washington, o toque de recolher foi adiado para mais tarde. Em vez de começar às 19h, ele terá início às 23h. Na noite de terça, foram realizadas 19 prisões na cidade, em comparação com 288 na véspera.
- O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse que, apesar de alguns incidentes, os protestos da noite de terça-feira foram “esmagadoramente pacíficos” e mais tranquilos que nos dias anteriores.
- Quincy Mason Floyd, filho de George Floyd, visitou o lugar onde seu pai morreu, em Minneapolis, e pediu que justiça seja feita.
Quincy Mason Floyd (direita) se emociona ao visitar o local onde o pai, George Floyd, morreu, em Minneapolis, ao lado do advogado de sua família, Ben Crump, na quarta-feira (3) — Foto: Kerem Yucel/AFP
Quincy Mason Floyd, filho de George Floyd, esteve nesta quarta no local onde seu pai morreu, em Minneapolis, e pediu por justiça.
“Nenhum homem ou mulher deveria estar sem seus pais…queremos justiça pelo que está acontecendo agora mesmo”, disse, antes do anúncio de que as acusações contra Derek Chauvin, policial responsável pela morte de Floyd, seriam ampliadas, e que os demais policiais do caso também seriam acusados.
Outros países
Milhares de pessoas foram ao Hyde Park, em Londres, no Reino Unido, para participar de uma manifestação antirracismo. Os participantes cantaram “Black Lives Matter” (vidas negras importam) no maior espaço ao ar livre da cidade.
Policiais são vistos próximos a chamas na embaixada dos EUA em Atenas, durante protesto contra a morte de George Floyd, na quarta-feira (3) — Foto: Reuters/Alkis Konstantinidis
Manifestantes também se reuniram nesta quarta na Cidade do Cabo, na África do Sul, em Reykjavík, na Islândia, e em Estocolmo, na Suécia, onde mais de mil pessoas desafiaram uma ordem que proíbe reuniões de mais de 50 pessoas por causa do coronavírus.
Em Helsinque, na Finlândia, um grupo de aproximadamente 3 mil pessoas se dispersou após cerca de uma hora, atendendo a pedidos para evitar aglomeração, também por causa da pandemia.
Em Atenas, na Grécia, uma manifestação reuniu cerca de 4 mil pessoas, e houve um prinícipio de confusão quando algumas atearam fogo em objetos perto da embaixada dos Estados Unidos, mas não há relatos de prisão, segundo a agência Associated Press.
Caso George Floyd
Policial foi filmado com o joelho sobre o pescoço de George Floyd — Foto: AFP/Facebook / Darnella Frazier
George Floyd morreu em 25 de maio após ser filmado com o pescoço prensado pelo joelho de um policial branco em Minneapolis. O ex-segurança, que era negro, foi alvo da operação policial por supostamente tentar pagar uma conta em uma mercearia com nota falsa de US$ 20, segundo a imprensa norte-americana.
As imagens reacenderam a questão racial dos Estados Unidos e deram início a uma série de protestos antirracismo que tomaram conta do país.
Uma primeira perícia, oficial, não indicou evidências de que Floyd morreu por asfixia. Entretanto, outras duas autópsias indicaram que, sim, o ex-segurança foi morto por sufocamento.
www.reporteriedoferreira.com.br Por G1