ISOLAMENTO HORIZONTAL: Escrito Por Gilvan de Brito 

ISOLAMENTO HORIZONTAL: Escrito Por Gilvan de Brito

Alguém já pensou no tipo de morte causada pelo Coronavírus? É provável que a maioria das pessoas ainda não tenha atentado para a forma como se chega à óbito. Ouvi alguém contar: é atormentada, triste, penosa, desumana, pungente e cruel. Trata-se de uma morte sufocada, que pode ser acompanhada pela própria vítima até o último segundo de vida, querendo puxar o ar para os pulmões, sem encontrá-lo, embora esteja entubado pelo respirador artificial (quando existem nos hospitais).

 

Os pulmões contaminados não permitem o impulso do ar para forçar a circulação de sangue entre o coração, os pulmões e o cérebro, que vão, aos poucos, entrando em falência. Não lhes restam, sequer, um sopro de ar para movimentar essa cadeia vital, levando à paralisação dos órgãos considerados essenciais. O pior de tudo é que a pessoa sabe que está morrendo, agita braços e pernas e chega ao último suspiro com lucidez e com todos os outros órgãos funcionando corretamente, faltando apenas o indispensável e imprescindível ar para a respiração.

 

Para superar esta situação, a ciência tem um caminho a fim de evitar a contaminação: o isolamento horizontal, que significa ficar em casa administrando todos os afazeres do dia a dia sem expor-se. Para isso faz-se necessário uma renda fixa, da poupança, do salário, da pensão ou da aposentadoria. Para aqueles que estão fora desse circuito, existe a possibilidade de um isolamento chamado vertical, onde a pessoa tem um lugar certo de conseguir o suficiente para manter a família sem expor-se demasiadamente. É triste para os que não possuem meios e dependem da exposição externa para ganhar dinheiro, como motoristas, caminhoneiros, entregadores de alimentos, além de outros. Dos moradores de rua, nem pensar.

 

A exposição direta os coloca em contato direto com o vírus por várias formas. Esses merecem a atenção das pessoas bondosas (ainda existem), atendendo-os com o fornecimento de comida e de um local onde possam se acomodar durante a pandemia. Sei de mim que estou atravessando o isolamento horizontal, sacrificando inclusive as minhas caminhadas de cinco quilômetros diários. Mas estou fazendo o que mais gosto – escrever – em tempo integral. É um alento.

www.reporteriedoferreira.com.br  Por Givan de Brito-Jornalista, advogado e escritor.