O SUJO E O MAL LAVADO: Escrito Por Gilvan de Brito

O SUJO E O MAL LAVADO: Escrito Por Gilvan de Brito

Há uma expressão popular que diz: “O sujo falando do mal lavado”, muito em voga no Brasil. E ela se aplica com muita propriedade ao presidente Donald Trump, dos EUA, quando acusa o Brasil de apresentar índices mais elevados do Covid 19, que os demais países dos três Continentes. Ele acerta no erro do nosso país, mas não olha para a situação do vírus nos Estados Unidos: enquanto o Brasil contabiliza algo em torno de seis mil mortes, os americanos já ultrapassaram os sessenta mil. Isso significa que ainda estamos com dez por cento do número dos Estados Unidos.

 

Em que tempo nos vivemos, onde governantes ficam traçando paralelos em torno dos falecimentos dos habitantes de seus países, com referências desvairadas, ou desdenhando os mortos e os seus parentes com expressões que mostram desinteresse pelo tema, como: E daí? Por isso mesmo cabe contemplar Donald Trump com a frase: “the pot calling the kettle black”, no seu próprio idioma. Outra coisa: quando ele escolhe o Brasil para fazer comparações dessa natureza e ameaça a retirada dos voos comerciais entre as duas nações, desdenha o presidente Bolsonaro, um dos seus fiéis escudeiros, de quem vê e ouve se desmanchar em fartos elogios.

 

Falando desse vírus é bom lembrar que o atual ministro da Saúde pôs ontem o país em pânico, ao prever uma onda de mil mortes por dia, nas próximas semanas. Mandeta jamais diria uma coisa dessas. O que deveria dizer era que o Brasil se expõe a esse quadro se continuar seguindo as orientações de Bolsonaro, para acabar com o isolamento, que é a única forma, cientificamente comprovada, para diminuir o aparecimento de novos casos. É curioso como as pessoas que estão fora do poder decisório vêm as coisas que nos atingem diretamente, de forma mais apurada e consequente do que aqueles que estão com o direito de deliberar nas mãos e com a responsabilidade de solucionar objetivamente as questões.

 

Tempos difíceis, estes, em que os governantes não falam para todo o país, e sim, para as suas bases – ou guetos – eleitorais, destoando da própria Constituição no seu Art 37, que prega os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, e eficiência, na administração pública. Afinal os presidentes preferidos ou escolhidos democraticamente são obrigados a tratar os eleitores de toda a nação, incluindo aqueles que não votaram neles, com a mesma disposição e sem escolhas de grupos ou partidos. Pelo que constamos, isso funciona como teoria, pelo menos atualmente no Brasil, onde há grupos notadamente premiados.

 

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