Jair Bolsonaro

José Dias/PR

Jair Bolsonaro fez pronunciamento sobre saída de Moro

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que Moro tem “compromisso consigo próprio e com seu ego, e não com o Brasil”. “Uma coisa é admirar uma pessoa, outra é trabalhar com ela”, disse também o presidente. Ele falou ainda que Moro teria condicionado a troca do comando da PF a sua indicação para uma vaga do Supremo Tribunal Federal.

“Torci muito para dar certo”, disse Bolsonaro sobre a relação com Moro. O presidente também disse que “fica difícil a convivência com uma pessoa que pensa bastante diferente de você” e que a saída do ex-juiz vai “deslustrar sua ilustre biografia”, em referência ao

Bolsonaro convocou uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (24) após pronunciamento do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que após pedir demissão na manhã desta sexta afirmou que o presidente tentou interferir na atuação da Polícia Federal.

Sobre as acusações, Bolsonaro afirmou que nunca pediu para ter acesso a informações de investigações da Polícia Federal. Ele disse ainda que não precisa pedir a ninguém para trocar o comando da Polícia Federal. O presidente relembrou ainda da investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco, questionando se seria interferência na PF ele pedir para seu filho Carlos ir na portaria filmar o controle de entrada, referindo-se à suspeita de que um dos homens presos pelo crime teria estado em sua casa no dia do assassinato.

Depois de quase 40 minutos de fala, Bolsonaro começou a ler um pronunciamento, quando afirmou estar “decepcionado e surpreso com seu comportamento”. “Não se dignou a me procurar e preferiu uma coletiva de imprensa”, disse. “Desculpa, sr. ministro, mas o senhor não vai me chamar de mentiroso”, completou.

Demissão de Valeixo

Em seu pronunciamento, Bolsonaro reforçou que o próprio Valeixo pediu para sair do comando da Polícia Federal e que ao comunicar ao então ministro Sergio Moro que a exoneração seria publicada no Diário Oficial, Moro exigiu indicar o substituto. O presidente não teria aceitado a condição imposta pelo ex-juiz.

Segundo Bolsonaro, Moro teria imposto ainda uma outra condição para permanecer no governo. “Você pode trocar o comando, em novembro, quando eu for indicado para o Supremo Tribunal Federal”, teria dito o então ministro. “Isso é desmoralizante para mim”, completou Bolsonaro.

O presidente disso ainda: “Não posso aceitar minha autoridade confrontada por qualquer ministro. Assim como respeito a todos, espero o mesmo. Confiança é uma via de mão dupla”.

Facada

Em diversos momentos de sua fala, o presidente relembrou a facada da qual foi vítima durante a campanha eleitoral de 2018. Ele disse que “quase implorou” para que se apurasse “quem matou Jair Bolsonaro”. “Entre o meu caso e o da Marielle, o meu está muito mais fácil de solucionar”, completou, repetindo a referência à investigação do assassinato de Marielle.

Bolsonaro afirmou que enquanto estava no hospital se recuperando da facada, o então juiz federal Sergio Moro pediu para visitá-lo. Bolsonaro teria recusado a visita porque “não queria aproveitar do prestígio dele para conseguir a vitória no segundo turno”.

Em sua fala, Bolsonaro se dirigiu a Moro: “o senhor disse que tinha uma biografia a zelar, eu digo a vossa senhoria que eu tenho o Brasil a zelar”.

Ignorando a recomendação de distanciamento social para evitar a disseminação do novo coronavírus (Sars-Cov-2), o presidente apareceu ladeado por quase todos os seus ministros. Apenas o ministro da Economia, Paulo Guedes, estava usando máscara de proteção.

Além dos ministros, o deputado Eduardo Bolsonaro  (PSL-SP) também estava ao lado do presidente, assim como o vice-presidente Hamilton Mourão.

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*Matéria em atualização.